Os Canhões da Maçonaria
Canhões é o nome dado pelos Maçons aos “copos especiais” usados nos seus banquetes festivos (Ágapes), e nas “Ceias Místicas Capitulares” e, para que se tenha desde logo, uma ideia do que se trata, reproduz-se ao lado um exemplar bastante interessante.
Revelaram as pesquisas do I:. Douglas Ash, apresentadas no seu livro “English Drinking Glasses and Decanters – 1680-1830” publicado em Londres, que os “Canhões Maçónicos” começaram a surgir depois de 1730, recebendo o apelido de “Firing Glasses” (Copos para dar tiros).
Desde logo se destacaram dos copos comuns de vinho, mais pelo seu formato sui-generis, do que pelo seu posterior acabamento primoroso, que com o correr dos tempos foi produzindo verdadeiras obras de arte de lapidação.
Ao princípio raramente eram maiores do que 4 polegadas (10 cm) de altura, tendo um pé maciço, sendo o corpo afunilado e com as paredes grossas; mais tarde, o pé passou a ter o formato de uma cebola. Para o seu uso era preciso um copo reforçado, cujo pé resistisse às repetidas, e muitas vezes bem “animadas” batidas, dadas nas diversas “saúdes”. O conteúdo era mais ou menos o de um copo de vinho comum.
O vinho branco ou tinto, ou ainda os licores tomados nestes copos recebeu o nome de “Pólvora Forte”, e o “acto de beber” passou a ser chamado de “Fazer Fogo…”
Para evitar excessos de “animação”, em muitas lojas tornou-se habitual que, quem partisse o seu copo ao dar as batidas de “saúde”, seria obrigado a pagar todas as despesas da refeição.
Cada Irmão tinha o seu copo pessoal. As actas de uma Loja de Yorkshire (Inglaterra) até consignam a punição: “O Irmão que quebrar o seu canhão é obrigado a pagar 1 shilling de multa”.
Como muitos maçons achavam os canhões antigos de pouco conteúdo, a partir de meados do século passado, em muitos casos o seu tamanho foi aumentando, e quando a loja não permitia o uso de “canhões” maiores, então muitas vezes o vinho era tomado em copos normais, e usavam-se os canhões apenas para dar as “salvas”.
Estes “canhões” são relacionados quase exclusivamente com a Maçonaria, e por isso, mesmo no comércio, eram negociados com maçons.
Contudo, outras Associações e Clubes de Canto também os usavam com frequência, podendo-se citar por exemplo os “Anacreonites” de Londres, cujos encontros eram na “Taberna Coroa e Âncora”, sendo que estes tinham até um “Hino próprio do seu clube” (To Anacreon In Heaven), cuja melodia, com novas e mais adequadas palavras, já no século XIX resultou no canto americano “The Sprangled Baner” (A bandeira salpicada de Estrelas).
De 1820 até aos nossos dias, estes canhões passaram a ser feitos dos mais finos cristais, e até do mais legítimo “baccarat”, sendo lapidados com todo o tipo de símbolos maçónicos, em lapidação plana, facetada e opaca. Ainda hoje, há muitas lojas na Europa onde estes canhões continuam a ser usados.
Modernamente, no Estados Unidos, no estado de Massachusetts, as “Lojas de Mesa” têm tido muita popularidade, com os seus rituais de banquete, com Sete Saúdes, o que veio aumentar o interesse pela história destes copos tradicionais.
Adaptado de Autor desconhecido
Uma Grande Luz !drradautovieira
Excelente artigo.