Pranchas Maçónicas

Mensagem a Garcia

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mensagem a garcia

Leia este artigo com muito cuidado e atenção. É a história de uma mensagem que abalou o mundo e foi divulgada em mais de quarenta milhões de exemplares, traduzida em todos os idiomas: A MENSAGEM A GARCIA. Deveria dizer-nos muito a nós maçons que buscamos melhorar-nos e incrementar a nossa capacidade de intervenção na sociedade visando criar um mundo melhor.

O seu autor, Elbert Hubbard, escreveu-a uma noite, depois do jantar, numa hora. Foi em 22 de Fevereiro de 1899, data do aniversário de Washington. O jornalista Hubbard editava uma revista chamada “Phllistine”, cujo número de Março estava prestes a ir para impressão. Sentindo-se inspirado, o artigo saltou espontâneo do seu coração, redigido como foi, depois de um dia complicado, durante o qual ele tinha procurado convencer alguns moradores um tanto renitentes do lugar onde vivia (East Aurora) a fazer alguma coisa de positivo, a se mexerem, e agir.

A ideia original veio a Hubbard de um pequeno argumento ventilado pelo seu filho Bert, no café da manhã. Dizia o garoto que era Rowan o verdadeiro herói da Guerra de Cuba, em 1889. Porque Rowan recebeu a missão quase impossível de levar uma mensagem a Garcia, o chefe dos insurrectos. Pôs-se a caminho, só, e deu conta do recado. O jornalista Hubbard naquela noite, concordou com o seu filho, entusiasmado:

– É verdade! – disse ele – Você tem toda razão, rapaz! O herói é aquele que dá conta do recado – que leva a mensagem a Garcia.

Depois levantou-se da mesa e escreveu o artigo, UMA MENSAGEM A GARCIA, de uma vez só. Entretanto, ligou tão pouca importância ao artigo, que até deixou que o publicassem, na revista, sem qualquer título. Pouco depois da edição ter saído da impressão, começaram a chegar pedidos para exemplares adicionais do número de Março da revista “Phllistine”: uma dúzia, cinquenta, cem: e quando a American News Company encomendou mais de mil exemplares, Hubbard perguntou a um dos seus empregados qual o artigo que havia despertado tanto interesse.

– Este, o de Garcia – respondeu o funcionário. No dia seguinte chegou um telegrama de George H. Daniels, dos Caminhos de Ferro Centrais de Nova Iorque, dizendo: “Indique o preço para cem mil exemplares do artigo Rowan, sob forma de folheto, com anúncios dos caminhos de ferro no verso. Diga também até quando pode fazer a entrega”.

O jornalista Hubbard, atarantado com tanto sucesso, respondeu indicando o preço, mas dizendo que só poderia entregar os cem mil folhetos dali a dois anos, pois sua gráfica era mínima. Posteriormente foram feitas negociações e o jornalista Hubbard concordou em autorizar Daniels a reproduzir o artigo conforme lhe aprouvesse. Fê-lo, então, em forma de folhetos, e distribuiu-os em tal profusão que duas ou três edições de meio milhão se esgotaram rapidamente. Além disso, foi o artigo reproduzido em mais de duzentas revistas e jornais. Tem sido traduzido, por assim dizer, em todas as línguas faladas.

Acontece que, justamente quando o Sr. Daniels estava fazendo a distribuição de UMA MENSAGEM A GARCIA, o príncipe Hilakoff, dos Caminhos de Ferro Russos, encontrava-se nos Estados Unidos. Era hóspede dos Caminhos de Ferro Centrais de Nova Iorque, percorrendo todo o país acompanhando Daniels. O príncipe viu o folheto e interessou-se por ele, mais pelo facto de ser o próprio Daniels quem o estava a distribuir em tão grande quantidade, do que propriamente por qualquer outro motivo.

Como quer que seja, quando o príncipe regressou à sua pátria, mandou traduzir o folheto para o russo e entregar a cada empregado dos Caminhos de Ferro na Rússia. Em pouco tempo, noutros países fazia-se o mesmo. Da Rússia o artigo passou para a Alemanha, França, Turquia, Hindustão e China. Durante a guerra entre a Rússia e Japão, foi entregue um exemplar de UMA MENSAGEM A GARCIA a cada soldado que se destinava à “frente”.

Os japoneses, ao encontrar o livrinho em poder dos prisioneiros russos, chegaram à conclusão de que tinha de ser coisa boa e não tardaram em traduzi-lo para o japonês. Por ordem do Mikado, foi distribuído um exemplar a cada empregado, civil ou militar, do governo japonês.

Uma mensagem a Garcia

Elbert Green Hubbard (19 de Junho de 1856 – 7 de Maio de 1915)
Elbert Green Hubbard (19 de Junho de 1856 – 7 de Maio de 1915)

Em todo este caso cubano (o autor refere-se a acontecimentos do fim do século passado (1889) e o caso cubano não era, evidentemente, em nada parecido ao de hoje), um homem se destaca no horizonte da minha memória, como o planeta Marte no seu periélio.

Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava aos americanos era poder comunicar rapidamente com o chefe dos insurrectos, Garcia, que se sabia estar algures, alguma fortaleza no interior cubano, mas sem que se pudesse saber exactamente onde. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente dos Estados Unidos tinha que se assegurar da sua colaboração, e isto, o quanto antes. Que fazer?

Alguém lembrou: – “Há um homem chamado Rowan, e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, só pode ser Rowan”.

Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta, meteu-a num invólucro impermeável, e amarrou-a ao peito. Após quatro dias, saltou de um barco a alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no interior para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregue a carta a Garcia são coisas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: O Presidente McKinley deu a Rowan uma carta destinada a Garcia: Rowan tomou-a sem pensar e nem perguntou: – Onde é que ele está?

Bravos! Eis aí um homem cujo busto mereceria ser fundido no bronze eterno e sua estátua posta em cada escola do país. Não é só de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem apenas de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, antes de tudo, de um endurecimento das vértebras. Todos têm de se mostrar altivos no exercício de um cargo, actuar com diligência, dar conta do recado, em suma: levar uma mensagem a Garcia.

O General Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum chefe que se tenha empenhado em levar avante uma empresa – em que a ajuda de muitos se torne necessária – têm sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada coisa e fazê-la.

A regra geral é: assistência irregular, desatenção, indiferença irritante e trabalho mal feito. Ninguém pode ser verdadeiramente bem sucedido se não lançar mão de todos os meios ao seu alcance – força, tenacidade, exemplo, autoridade – para levar outros homens a ajudá-lo, a não ser que o bom Deus Omnipotente, na sua grande misericórdia, resolva fazer um milagre, enviando-lhe, como auxiliar, um anjo de luz.

Você mesmo pode tirar a prova. Faça a experiência. Hoje, no escritório, reúna meia dúzia de funcionários, chame um deles e peça-lhe: – “Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma descrição resumida da vida de Correggio”.

Será que ele vai dizer, calmamente:

– “Sim, Senhor”, e executar o que você lhe pediu?

Nada disso! Ele vai olhá-lo espantado ou meio de lado, e vai-lhe fazer algumas perguntas, como:

  • Quem é esse Correggio?
  • Em que enciclopédia devo procurar?
  • Onde é que eu vou encontrar essa enciclopédia?
  • Isto faz parte do meu trabalho?
  • Como é mesmo o nome dele?
  • Está morto ou vivo?
  • Não seria melhor mandar o Carlos fazer este trabalho?
  • Precisa disto com urgência?
  • Quem sabe, eu posso trazer o livro e o senhor mesmo procura?
  • Para que é que o senhor quer saber isto?

E aposto dez contra um que depois de você ter respondido a todas essas perguntas tolas e explicado a maneira de procurar a informação pedida e a razão porque precisa dela; o seu funcionário vai sair dali e pedir a um outro colega que o ajude a encontrar Correggio e, depois, muito provavelmente voltará para dizer que tal homem não existe. Pode ser que eu perca a aposta, mas em média sairei ganhando. É garantido.

Se você for precavido não se vai dar ao trabalho de explicar ao funcionário, ao seu “ajudante”, que Correggio se escreve com “C” e não com “K”.

Você vai terminar sorrindo, condescendentemente, e vai dizer: – “Está bem, não faz mal, não se incomode”, e, dito isto, você vai se levantar e procurar a informação você próprio. Esta incapacidade de actuar independentemente, esta inércia moral, esta incapacidade da vontade, de se pôr em campo e agir, são causas que lançam para um futuro tão remoto o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado do seu esforço redundar em benefício de todos?

Por enquanto, parece que os homens ainda precisam de ser conduzidos à força. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar, não é o desejo de progredir, mas simplesmente o medo de, se faltar, ser despedido no final do mês. Anuncia-se precisar de um taquígrafo (ou dactilógrafo) e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar e, o que é pior – pensam que não é necessário sabê-lo.

Poderá uma pessoa destas escrever uma carta a Garcia?

“Vê aquele guarda-livros”, dizia-me um chefe de uma grande fábrica.

“Sim o que tem ele?” “É um excelente guarda-livros. Contudo, se eu o mandasse dar um recado, talvez chegasse ao destino, mas também podia ser que, no caminho, parasse duas ou três vezes para tomar uns copos, e se esquecesse do meu pedido”.

Será possível confiar-se a um tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?

Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais, externalizando simpatia para com os pobres coitadinhos que mourejam de sol a sol, para com os infelizes desempregados à cata de trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder.

Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo num inútil esforço para induzir eternos desgostosos e descendentes a trabalhar concisamente.

Nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal que, no entanto, nada mais faz do que “matar o tempo”, logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja a despedir funcionários incapazes de zelar pelos seus interesses a fim de substituí-los por outros mais aptos. Este processo de selecção por eliminação está a dar-se incessantemente, em todos os tempos, com a única diferença de que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a selecção se faz mais escrupulosa, pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis.

É a lei da sobrevivência do mais apto. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente de guardar os melhores, aqueles que podem levar uma mensagem a Garcia.

Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem fibra para gerir um negócio próprio e que, além de tudo, torna-se inútil para qualquer outra pessoa, pois suspeita sempre de que o seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém lhe mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, provavelmente responderia: – “Leve-a você mesmo”.

Hoje, este homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em quase miséria. Ninguém que o conheça se arrisca a dar-lhe trabalho porque é a personificação do descontentamento e do espírito de réplica: refractário a qualquer conselho ou admoestação, a única coisa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bola de número 43, sola grossa e bico largo.

Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno de compaixão que um fisicamente aleijado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam prematuramente brancos na incessante luta contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que, sem o menor espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.

Será que eu pintei a situação em cores muito carregadas?

Pode ser que sim. Mas, numa época em que todo o mundo gosta de divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que imprime êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros, e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou; nada salvou à sua mera subsistência.

Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jornaleiro, como também tenho sido patrão. Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados. Não há excelência na pobreza em si mesma. Farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.

“Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranquilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, e sem intenção oculta de a atirar na primeira sarjeta que encontrar, ou de praticar outro feito que não seja entregá-la ao destinatário, este homem nunca fica “encostado”, nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado. A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que um tal homem pedir, se lhe há-de conceder”.

Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugar, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisto:

“Precisa-se, e precisa-se com urgência, de um homem capaz de levar uma mensagem a Garcia”

Elbert Hubbard
22 de Fevereiro de 1889

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One thought on “Mensagem a Garcia

  • Uma louvação aos patrões e uma exortação ao trabalhador para que trabalhe cegamente. Enfim, tipicamente norte-americano.

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